quinta-feira, 19 de agosto de 2010

As aventuras de Balur, o hobbit andarilho - Parte X


Um grande reencontro na Floresta de Fangorn...

É... a companhia de Nórgand durara pouco tempo. Estava novamente sozinho. Logo alcançaria a Floresta de Fangorn. Muitas histórias eu escutava daquela floresta, mas ela parecia ter mudado. Com a chegada da Quarta Era do Sol, muitos lugares que se viam nas sombras, ficaram inundados de luz e prosperidade. 

Onde estaria Narubb? Era uma pergunta que rondava meus pensamentos. Depois de dois dias caminhando entre pedras e alguns arbustos, me vi na borda da floresta. Não era tão assustadora assim, mas era muito grande. Vários dias até que eu atravessasse toda a floresta. Se eu tivesse ido por dentro, não haveria estrada, poderia me perder, não valeria à pena tentar encurtar caminho.

Dei uma olhada para dentro da grande floresta, um vento frio saia de lá, era como o vento que anuncia o inverno, enquanto as folhas caem. Mas, já havia me decidido, tomaria o caminho mais longo, porém, mais seguro. Encostei-me em um velho teixo para descansar. O cansaço tomara conta de mim, então cai em sono profundo. Não durou muito meu descanso, foi quando percebi algo se aproximando, um barulho de asas batendo... Sim, era Narubb! Não poderia deixar de reconhecer uma coruja grande e azul.

Fiquei muito contente em revê-la. Muitos dias haviam se passado desde nosso ultimo encontro. Narubb parecia trazer alguma mensagem, com certeza era de Telárius. Resolvi por não abrir sua mensagem naquele momento, logo pensei... ”Não, melhor não, más notícias de novo.” Naquele momento, tudo parecia tão bom. Como Narubb havia me acordado, segui viagem, apenas para andar mais algumas léguas, antes do pôr-do-sol.

O sol já se escondia entre as montanhas, a floresta já estava bastante escura. Narubb havia saído voando, para ver como estavam aquelas terras. Adentrei alguns passos para dentro da floresta, encontrei uma pequena clareira. Lá, recolhi alguns gravetos e acendi uma pequena fogueira. Narubb logo retornou com uma pequena lebre, o bastante para mim, fiquei muito agradecido. Ela logo sumiu novamente, deve ter ido buscar algo para ela comer. Como estava com saudades de Narubb, antes do seu retorno, foram muitos dias comendo frutas, algumas folhagens, mas nada muito apetitoso, tempos ruins, devo ter emagrecido bastante nesta época. Nestas horas, sentia muita saudade de casa. 

Lá, no alto das árvores, entre uma pequena abertura nas folhagens, eu pude ver o brilho das estrelas no céu, sentir o vento, ouvir o farfalhar das folhas... naquela noite me recordava da minha antiga vida, da tranqüilidade das colinas. Era um pensamento constante. ...Lembro quando eu subia na grande cerejeira, eu olhava as colinas distantes, muitas sumiam no horizonte, eu jamais desejei alcançá-las, mas lá estava eu, muito além de qualquer horizonte, muito além de qualquer colina.

Antes de dormir, resolvi abrir a mensagem de Telárius. O que eu achei que fosse uma decepção, uma má notícia, era na verdade uma belíssima poesia. Estava difícil para ler, pois estava muito escuro, aproximei a folha para perto da fogueira, mas foi uma péssima idéia. Quando me dei conta, o papel pegara fogo, perdi um pedaço da mensagem, mas uma bela poesia estava escrita. Jamais esquecerei tão belas palavras;
A Viagem para o horizonte

Jamais tema a solidão e a insegurança  
Jamais chore pela lembrança.
Rios, planícies, montanhas
Não tema, quando as coisas parecerem estranhas.
Confie nas asas da bela coruja
Olhe sempre para o céu
Fique esperto caso ela fuja.

Tenho certeza que estás no caminho certo
Perto da floresta, longe do grande deserto.
Atravesse as grandes árvores,
Siga em frente
Com muita sorte, pode encontrar algum ent.

Sua viagem se aproxima do fim,
Mas não se esqueça de me visitar
Estou esperando com bolo e uma xícara de chá
Entregue minha carta, quando meu amigo encontrar...

Na parte queimada, outras palavras haviam sido escritas, mas as perdi em meio às chamas. Era como se Telárius adivinhasse onde eu estava e como estava me sentindo. Depois de ler, adormeci, e sob as raízes de uma grande árvore, me perdi entre sonhos.

Uma noite tranqüila, sob os olhares da floresta, e talvez, de algum ent. No outro dia, logo cedo, continuaria minha viagem, seguindo pela borda da floresta. Muitas léguas me separavam do fim de Fangorn, mas agora, Narubb estava comigo e as palavras de Telárius me indicavam o caminho a seguir.

Continua...

Arthur Damaso

domingo, 8 de agosto de 2010

Menestréis - 6 e 7



Mirante dos Dragões


Desceu do barco e deitou na praia, chegara ao continente a tempo, os barris de água doce haviam acabado um dia antes. E no barco só encontrara cocos e castanhas para comer, dentro de sacos sujos. Desejou enxergar aquele céu, que todos diziam ser azul como o mar, mas um azul diferente. O Menestrel não sabia o que eram as cores, e não entendia quando lhe explicavam.

Levantou-se e seguiu para o sertão. Era aproximadamente meio dia, pela intensidade do Sol, mas talvez no continente tudo fosse diferente, não sabia. Estava em uma mata de coqueiros altos, e ouviu o som de um riacho. Foi correndo e cantarolando naquela direção.

- Rio brincando no rio e canto em qualquer canto.

Bebeu muita água e adiante encontrou algumas laranjas. Por todo o caminho, havia árvores com frutas cítricas. Ele se sentia feliz, sempre pulando e cantando. Após uma longa caminhada, tropeçou em um galho, e ralou os joelhos em algumas pedras, sangrou um pouco. Ele chorou como uma criança, rastejou por uns metros e ficou sentado por um tempo descansando.

Laranja boa e madura,
À toa na estrada,
Não é laranja qualquer:
Tem praga, ou está bichada.
Azar eu tenho, longe do meu lar
Vou me levantar e dar no pé...

As árvores começaram a ficar diferentes, mais barulhentas e com mais sombra. Estava fresco e era noite. O Menestrel estava com fome, mas se aconchegou na raiz de uma árvore que aparentava ser bem grande. As árvores não o assustaram com todo o alvoroço, ele gostava daquele som que parecia ser maligno, porque no fundo sabia que não era. Ouviu o uivar de animais, mas ficou quieto e dormiu. Estava perto de onde queria estar, mas não sabia disso.

Com o sol já quente, o Menestrel acordou e correu até o rio, queria tomar um banho, mas já havia perdido muito tempo. Ele caminhava rápido dando pulinhos alegres, e sabia que já estava perto do Mirante. Percebeu isso porque, seguindo o rio, ouviu o som de uma cachoeira que deveria ser muito alta, isso o fez gritar muito, de uma felicidade inexplicável. Ele estava molhado por causa do vapor e seu machucado no joelho ardia. Lá em cima estava o Mirante dos Dragões, de que tanto ouvira em histórias de Tílitris, que ele mesmo recontava. Não havia dragões no Mundo, mas o Menestrel acreditava que no passado eles existiram, e que moravam ali, onde ele estava agora. O Menestrel acreditava nas histórias de sua avó, que seu pai contava, sobre a possível existência uma passagem por uma gruta dentro da cachoeira, que era o caminho para embaixo do Mundo, e que lá ainda estariam os últimos dragões. Mas ele não entraria ali e precisava continuar a caminhada, escalando um grande paredão de pedras, ao lado da cachoeira.

No topo do Mirante e em cima da cachoeira que realmente deveria ser grande pelo tempo que demorou na escalada, o Menestrel imaginou como deveria ser saber o que tinha no horizonte. Ele tirou suas roupas e as torceu, as vestiu e sentiu falta de alguns guizos que ficavam dependurados em sua blusa. Estava calor, e andando ao vento, logo estava seco, foi seguindo o rio e sentiu fome. Tinha que segurar seu chapéu em forma de cone para que não voasse.

O Menestrel estava em uma busca que talvez seria impossível. Fugiu de Tílitris para escapar da morte e procurar por Feltris. Mas antes precisaria encontrar alguém.
~


Na Floresta Azul

Feltris, após ter sido isolado de Árane e de sua amiga Délane pelo bloqueio do Mandingueiro Búfalo, caiu em sombras e desencanto. Os tílitris estavam sem segurança, e foi quando o Alquimista apareceu. Era ambicioso, e ofereceu ajuda a Feltris naquele momento de tristeza. Mas o trapaceiro Alquimista preparou uma tocaia e o mandou para o exílio, que somente a Raposa Velha sabia onde ficava.

O Menestrel estava à procura da Raposa Velha, que vivia na Floresta Azul. Ele já estava na Floresta, mas não sabia. E cantava:

O canto tem rumo certo
Como o peito aberto esconde o grito.
Já não mais ficarei em mim
Para compor o recado da presença.

O Alquimista confiscou todos os bens dos tílitris, e os que se juntaram a ele tinham regalias, e faziam a cabeça do povo, dizendo que Feltris estava longe para cuidar de sua doença, e que o Alquimista era um homem que iria trazer a felicidade de volta a Tílitris. Mas isso não aconteceu. Os artistas e opositores foram perseguidos e enforcados. As pessoas, com medo, obedeciam fielmente ao Alquimista.

A mãe do Menestrel esculpia em madeira, e foi enforcada por retratar o sofrimento do povo e a saudade de Feltris em suas obras. O Menestrel se revoltou com isso e fez muitos poemas conta o Alquimista, numa tentativa de libertar a mente dos tílitris para que eles pudessem contestar o Alquimista e fazer alguma coisa para trazer Feltris de volta, se ainda estivesse vivo. O Alquimista prendeu o Menestrel e o condenou à guilhotina. Mas ele conseguiu fugir da prisão e escapar da ilha.

O Menestrel teve a ajuda de um falso aliado do Alquimista, que trabalhava na prisão. O homem disse que havia ouvido umas conversas do Alquimista, em que ele citava Feltris e uma tal Raposa Velha, que poderia estragar tudo porque eles não a encontraram.

O Menestrel comeu algumas ervas cheirosas, e se sentiu exausto, cheio de picadas de formigas e mosquitos. A noite estava chegando e ele se sentiu indefeso, no meio de uma floresta que parecia o guiar a caminhar em círculos.
~
Daniela Ortega