domingo, 26 de setembro de 2010
As aventuras de Balur, o hobbit andarilho - Parte XI
Seguindo a fumaça...
Longas caminhadas diárias. Era muito pra mim. Antigamente, a única caminhada que eu fazia, era para a estalagem Dragão Verde, ou então, para o moinho — do já falecido Feitor — pegar farinha, para fazer um grande e saboroso pão de ló.
Esses assuntos sempre me deixavam com mais fome. Em momentos como estes, eu olhava para o horizonte e sempre avistava uma fumaça saindo de alguma chaminé, com certeza alguém estava fazendo alguma delícia, talvez, tomando chá com torradas, comendo torta de amoras... Mas parecia que desta vez, eu realmente estava avistando uma fumaça. Esfreguei os olhos para ver se eles estavam me pregando uma peça, mas não, realmente subia uma fumaça em direção ao céu.
Estava bem distante ainda, mas era visível. O problema era que a fumaça estranhamente vinha do interior da floresta. Como conseguiria não me perder? Essa pergunta martelava em minha cabeça, era como um anão batendo na bigorna.
Perguntei à Narubb qual seria a decisão a tomar. Ela apenas voou e me deixou em meios as dúvidas. “Muito obrigado!”. Assim eu gritei. Os gritos ecoaram, e muitos outros gritos foram ouvidos dentro da floresta. Bem, na carta não havia nada que me impedisse de seguir um caminho por dentro da floresta. Aliás, na carta estava escrito; “Confie nas asas da bela coruja”, Telárius parecia estar errado.
Comecei então uma longa caminhada, durante certo tempo, consegui seguir a fumaça, algumas árvores atrapalhavam de vez em quando minha visão. Encontrei um riacho, tomei um pouco de água, colhi algumas frutas que cresciam em pequenos arbustos, depois continuei minha jornada. À medida que eu avançava para dentro da floresta, a luz minguava, e assim, minhas esperanças de terminar aquela viagem também. Quem era o velho que povoava meus sonhos? Por que fazer esta viagem para tão longe?
Já estava difícil enxergar a fumaça, as árvores tapavam minha visão para fora da floresta, a escuridão crescia diante de cada passo meu. A floresta era muito úmida, somente um anão conseguiria fazer fogo em um lugar como aquele. O vento entrava pela borda da floresta, era frio como o inverno e balançava as árvores como muita força, algumas pareciam até acenar pra mim. Continuei caminhando, foi então, que tive a idéia de subir em uma árvore, para tentar enxergar a fumaça novamente. Aquilo mudaria todo o rumo da viagem, uma completa reviravolta.
Ao tentar subir na árvore, obtive sucesso. Não havia carvalho, teixo, ou freixo que me segurasse. Era sempre eu a subir nas amoreiras, ou para me esconder durante as festas no Condado. Alcancei o galho mais alto, retirei algumas folhas do caminho. Já era possível avistar as primeiras estrelas brilhando no céu, e a fumaça também, para minha alegria. Um momento, um único momento de descuido... Eu tombei, caindo do alto da grande árvore, e ao cair no chão, meus olhos se fecharam, não pude ver mais coisa alguma.
Não sei por quanto tempo fiquei vagando no mundo inconsciente, mas ao acordar, ainda estava bastante tonto e, algo parecia me carregar, o pouco que vi, posso afirmar. “Era um ent.”. Ele me carregava para algum lugar, não consegui ficar acordado ou totalmente consciente para saber.
Quando enfim acordei, estava deitado em uma cama, com um pouco de dor de cabeça. Ao lado da cama, um homem — já velho —, fumava um cachimbo, e observava algo pela janela. Quando olhei para ele, consegui me lembrar, era o mesmo velho que aparecia nos meus sonhos, depois que visitei as Colinas das Torres. A primeira coisa que eu disse foi; “Você?!”.
Continua...
Arthur Damaso
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