sábado, 18 de setembro de 2010

Menestréis - 8



Leão da Montanha

   Correndo o dia todo com Bardax, Olívia pensou muito no quanto aqueles ciganos eram diferentes de tudo o que ela já havia visto antes, e em como de certa forma ela se identificou com eles, e teve vontade de voltar e ir para a Tenda Magnífica também. Mas tinha que tentar passar pelo Portão de Evonuque e seguir até Tílitris.

   Era tarde e Olívia caminhava, para dar um descanso a Bardax. Avistou uma grande muralha de montanhas que bloqueavam a passagem e sumiam de vista do Norte ao Sul. Eram altas e belíssimas, cobertas por um capim verde escuro e poucas árvores, havia areia ao pé da montanha mais baixa. E Oíivia disse a Bardax que iriam por ali, seria mais fácil. Essa cadeia montanhosa era altíssima e tão fria no topo das montanhas que nenhum ser conseguia sobreviver àquelas altitudes, que atingiam as nuvens. A única passagem viável para o Leste era o Portão.
  
   Estava escuro, e eles passavam pela areia, quando avistaram uma figura clara e enorme descendo da montanha mais baixa. Bardax não se assustou, e por isso Olívia decidiu não se esconder nem correr, esperaram. Era um leão. Olívia ficou com medo, mas eles permaneceram parados. O Leão se aproximou:

   - Quem são vocês? O que querem aqui? Há anos não vejo nenhum peregrino por estes ermos.
   Olívia ficou assustada. Era um leão que falava, ninguém nunca havia contado a ela que leões falavam.

   - Sou Olívia Dríniel, venho de Árane, e este é Bardax. Queremos passar por um Portão, que deve estar em algum lugar por aqui. Vamos para Tílitris, um país que fica do outro lado desse Portão.

   - O Portão de Evonuque... disse o Leão, preocupado.

   - Sim. Respondeu Olívia.

   - Venham para o meu abrigo e posso aconselhá-los sobre isso. Está começando a chover.

   Bardax foi indo na frente, parecia feliz. Olívia confiava no instinto de Bardax, e o Leão parecia ser amigável e sincero.

   Os três foram para debaixo de uma grande pedra, que tinha pinturas e desenhos em vermelho e azul. O Leão os ofereceu carne de coelho e Olívia tentou acender uma fogueira para assar o alimento, mas as pedras estavam úmidas. O Leão disse que morava ali há muitos anos, antes de Evonuque chegar.

   - O Portão do Mandingueiro Búfalo fica ali atrás, nesta montanha. Ele vive por aqui, mas o vejo raramente, e nunca nos falamos.

   Olívia e Bardax comiam a carne crua, enquanto ouviam o Leão da Montanha.

   - Olívia, você terá que mandar Bardax voltar para casa, se quiser atravessar o Portão. O Mandingueiro pode querer aprisioná-lo para usar em suas mandingas, eu já vi muitos cavalos presos por ele, e soltos após anos de cativeiro.

   Olívia fez muitas perguntas ao Leão da Montanha, e se convenceu de que levar Bardax para Evonuque não era correto. Olívia quis saber o que ela teria que fazer para passar pelo portão, mas o Leão da Montanha disse que não sabia, e achava que a passagem poderia ser impossível, mas que alguém, algum dia, teria que tentar.

   O Leão de repente ficou olhando para as pinturas, e Olívia perguntou quem havia desenhado aquilo tudo, e ele disse:

   - Foi feito pelo seu povo, que é o povo de Tílitris e de muitos outros lugares neste Mundo.
   Olívia então se lembrou do que a cigana dissera “falamos a mesma língua, significa que nossos ancestrais são os mesmos”. E eles dormiram, chovia.
~
Daniela Ortega

Um comentário:

  1. A história está caminhando muito bem. Gostei bastante do Leão. Parece ser muito velho e um bom conselheiro.

    Caso Bardax precise voltar, Olívia sentirá muito.

    Esperando novos capítulos =)

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