A Pantera Negra
O ar ficava mais fácil de respirar, e mais
quente. Olívia olhou para cima, e viu o céu, muito distante. A caverna havia acabado
e eles estavam em um buraco muito fundo, cercados de pedras por todos os lados.
Ouviram uma respiração estranha, havia algo ali, que aterrorizava Olívia.
- Feltris, meu soberano, está aqui, em
algum lugar? Gritou o Menestrel.
Ouviram o som de correntes, e Olívia se
afastou, assustada, ao ver uma grande pantera negra, acorrentada, tentando se
levantar.
- Menestrel, um monstro, corra! Falou
Olívia, em desespero.
A pantera os fitou com seus grandes e
brilhantes olhos amarelos, dizendo com uma voz fraca e confortante:
- Menestrel, caro tílitris, é mesmo você ?
O Menestrel ao ouvir a voz do seu soberano,
caiu em lágrimas de alegria:
- Meu senhor, Feltris!
E correu ao encontro de Feltris, o
abraçando. Olívia não conseguia entender... Feltris era uma pantera, um
animal... falante. Como as raposas e o Leão da Montanha. Se impressionou com
aquilo, e ao mesmo tempo teve dó de Feltris, preso como uma fera maligna, o que
não era.
- Viemos te buscar, meu soberano! Para que
o senhor possa salvar Tílitris! Disse o Menestrel , em súplica.
Feltris estava muito machucado,
extremamente magro. Bebia a água da chuva que escorria das paredes, e comia
pequenos animais de má sorte, que caiam naquele buraco fundo. Disse para seus
bravos guerreiros:
- Darei minha insígnia a você, Menestrel,
pois, estou condenado a estas correntes, que são inquebráveis.
- Não! Não permitirei que meu senhor desista!
Disse o Menestrel.
Olívia explicou quem era e porque estava
ali, tentando encontrar no local alguma ferramenta que pudesse quebrar as
correntes. Mas as correntes eram, de fato, inquebráveis. E o Menestrel percebeu
que nada iria adiantar, aceitando o destino de seu senhor.
- Quando eu lhe der minha insígnia,
tílitris, você será a esperança de nosso país. E isso lhe concederá toda o meu
respeito perante nossos irmãos.
- Meu senhor, mas como poderei, sozinho...
E Feltris interrompeu o Menestrel:
- Quando a hora chegar, diga ao senhor dos
mares, que Feltris em seus últimos suspiro, se lembrou dele, o poderoso
Leviatã.
Olívia não sabia quem era Leviatã, mas
sentiu que Feltris, de alguma forma, estava morrendo. O Menestrel passou a mão
sobre a pelagem negra e Feltris permitiu que ele encontrasse a insígnia. A luz
amarela dos olhos de Feltris ficou dourada, e o Menestrel retirou completamente
a insígnia, a fixando em seu peito. Feltris, de repente, se tornou belo como
sua voz, e desapareceu.
- Ele virou uma estrela no céu. Disse o
Menestrel, em voz baixa.
Olívia se sentia impressionada com o que
havia acontecido, mas não estava mais assustada, e um sentimento de coragem
tomou seu coração.
~
Deixando o Continente
Tiveram que pular
nas águas lá embaixo. A corda não estava mais ali e por sorte não bateram em
nenhuma das pedras. Olívia não conseguiu sair da correnteza e foi parar longe
da cachoeira. Sua mochila se abriu com os bolinhos e ela perdeu muitas coisas.
- Ainda bem que nossa missão está chegando ao
fim, Mestre.
- Se engana,
Olívia. Ainda nem começamos. Disse o Menestrel, preocupado.
Saíram dali,
rumo ao litoral. Era noite, mas não sentiam vontade de descansar. Olívia
perguntou:
- Quem é
Leviatã? Como ele pode nos ajudar ?
- Leviatã vive
nos mares, mas não o conheço. Feltris sempre contou histórias sobre o grande
poder desse senhor.
Se fosse antes,
Olívia não acreditaria que Leviatã pudesse existir, nem que animais pudessem
falar. Mas ela havia mudado, assim como sua percepção.
Era manhã,
eles colocaram vestes limpas e se alimentaram de frutas cítricas.
- Se Bardax
estivesse aqui, já estaríamos na praia. Disse Olívia.
- Bardax,
então, é seu companheiro! Disse o Menestrel.
- Sim, é um
cavalo muito companheiro, respondeu.
Olívia contou
sobre sua rotina em Árane, mas o Menestrel não achou interessante. E de fato,
não era.
- Mestre, peço
desculpas por ter me assustado com a aparência de Feltris, disse Olívia.
E o Menestrel,
disse, com um sorriso:
Nem tudo o que é parece
Nem sempre o certo é melhor
Mas sempre o Bem prevalece
Era tarde quando
chegaram à praia, estava chuviscando. Eles dormiram na areia seca, embaixo de
alguns coqueiros. As docas ficavam ali perto, mas não precisariam chegar até
lá.
~
Daniela Ortega
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