domingo, 16 de novembro de 2014

Menestréis - 9



O Mandingueiro Búfalo 

   Acordaram bem cedo e Olívia explicou tudo a Bardax, que parecia já ter entendido pela conversa na noite anterior.

   - Bardax, não volte para Árane, eles podem não entender e pensar que falhamos em nossos objetivos. Tente Alcançar os ciganos e siga com eles. Prometo te procurar quando tudo isso acabar, e te buscarei mesmo que nada aconteça.

   Bardax desceu a montanha num trote e logo sumiu entre as árvores. Olívia agradeceu ao Leão da Montanha por toda a ajuda e conselhos. E foi em direção ao Portão.

  O Portão de Evonuque estava em frente à Olívia. Ela se decepcionou, porque não havia portão algum ali. Era um grande espelho. Olívia jogou pedras contra o espelho e tentou quebrá-lo, mas nada acontecia, ela avistou um centauro vindo de encontro a ela. Olhou para trás e não havia ninguém, o centauro saiu de dentro do espelho.

   - Você não passa aqui. E sabe disso, mas não vai desistir, não é mesmo?. Tente, mas não vai conseguir.

   - Você é Evonuque, o Mandingueiro BúfaloO centauro, impaciente, não respondeu e estava entrando novamente no espelho, quando Olívia o interrompeu:

   - Mandingueiro Evonuque, eu não sou alquimista nem trago inveja! Eu o respeito e preciso da sua ajuda, preciso que me deixe passar pelo seu Portão, para que eu possa falar com o soberano Feltris, de Tílitris, e com isso pedir ajuda para combater o rei que nos escraviza em Árane.

   Evonuque escutou tudo com preguiça, mas abriu bem os olhos quando ouviu Olívia falar de Feltris. Continuou a entrar no espelho, não dando importância ao que Olívia havia dito. E ela se desesperou:

   - Mandingueiro maldito! Você é culpado por tudo! Você separou Árane de Tílitris com essa historinha de Portão!

   Evonuque já estava dentro do espelho e saiu novamente, com as sobrancelhas franzidas e uma voz raivosa, dizendo:

   - Não sou bom e não sou mau, criei o Portão, e ele agiu por si. Não dou a mínima para o seu povo. E eu sei de tudo o que já aconteceu e o que vai acontecer... Parece que me enganei, o Portão vai permitir que você passe. Porém, minha poção cintilante acabou, e não há como sair do continente sem ela. Tílitris é uma ilha.

   Evonuque sabia que um Alquimista estava no poder em Tílitris e isso o irritava muito. Ele odiava os Alquimistas, que tentavam ser mágicos e poderosos como ele era, mas não conseguiam porque não eram Mandingueiros Búfalos, e eram bons ou maus e ambiciosos como o Alquimista de Tílitris. Para ser um Mandingueiro poderoso era preciso ser imparcial e racional na regência das leis das mandingas. Evonuque sabia que de certa forma Olívia iria incomodar o tal Alquimista, e isso seria ótimo, apesar de que ele não quis se esforçar para ver o futuro, tendo certeza de que ela também seria enforcada.

   Olívia foi de encontro ao espelho e sentiu como se passasse por um véu de água fria. Quando percebeu, já estava do outro lado com o centauro.

   - Só isso?, disse Olivia, aliviada e levemente indignada por ter sido tão fácil.

   O centauro abanou o rabo várias vezes e sumiu no ar. Olívia nunca esteve tão assustada como agora. Era muita coisa para uma única manhã. Estava no topo da montanha baixa e não via nada do que havia ficado para trás, somente o espelho, refletindo o que havia à frente. Olívia, devagar e com sua mochila nas costas, foi descendo a montanha.


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Daniela Ortega

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