O Mandingueiro Búfalo
Acordaram bem cedo e Olívia explicou tudo a Bardax, que parecia já ter entendido pela conversa na noite anterior.
- Bardax, não volte para Árane, eles podem não entender e pensar que falhamos em nossos objetivos. Tente Alcançar os ciganos e siga com eles. Prometo te procurar quando tudo isso acabar, e te buscarei mesmo que nada aconteça.
Bardax desceu a montanha num trote e logo
sumiu entre as árvores. Olívia agradeceu ao Leão da Montanha por toda a ajuda e
conselhos. E foi em direção ao Portão.
O Portão de Evonuque estava em frente à Olívia.
Ela se decepcionou, porque não havia portão algum ali. Era um grande espelho.
Olívia jogou pedras contra o espelho e tentou quebrá-lo, mas nada acontecia,
ela avistou um centauro vindo de encontro a ela. Olhou para trás e não havia
ninguém, o centauro saiu de dentro do espelho.
- Você não passa aqui. E sabe disso, mas
não vai desistir, não é mesmo?. Tente, mas não vai conseguir.
- Você é Evonuque, o Mandingueiro Búfalo ? O centauro, impaciente, não respondeu e
estava entrando novamente no espelho, quando Olívia o interrompeu:
- Mandingueiro Evonuque, eu não sou
alquimista nem trago inveja! Eu o respeito e preciso da sua ajuda, preciso que
me deixe passar pelo seu Portão, para que eu possa falar com o soberano
Feltris, de Tílitris, e com isso pedir ajuda para combater o rei que nos
escraviza em Árane.
Evonuque escutou tudo com preguiça, mas
abriu bem os olhos quando ouviu Olívia falar de Feltris. Continuou a entrar no
espelho, não dando importância ao que Olívia havia dito. E ela se desesperou:
- Mandingueiro maldito! Você é culpado por
tudo! Você separou Árane de Tílitris com essa historinha de Portão!
Evonuque já estava dentro do espelho e
saiu novamente, com as sobrancelhas franzidas e uma voz raivosa, dizendo:
- Não sou bom e não sou mau, criei o Portão,
e ele agiu por si. Não dou a mínima para o seu povo. E eu sei de tudo o que já
aconteceu e o que vai acontecer... Parece que me enganei, o Portão vai permitir
que você passe. Porém, minha poção cintilante acabou, e não há como sair do
continente sem ela. Tílitris é uma ilha.
Evonuque sabia que um Alquimista estava no
poder em Tílitris e isso o irritava muito. Ele odiava os Alquimistas, que
tentavam ser mágicos e poderosos como ele era, mas não conseguiam porque não eram
Mandingueiros Búfalos, e eram bons ou maus e ambiciosos como o Alquimista de Tílitris.
Para ser um Mandingueiro poderoso era preciso ser imparcial e racional na
regência das leis das mandingas. Evonuque sabia que de certa forma Olívia iria
incomodar o tal Alquimista, e isso seria ótimo, apesar de que ele não quis se
esforçar para ver o futuro, tendo certeza de que ela também seria enforcada.
Olívia foi de encontro ao espelho e sentiu
como se passasse por um véu de água fria. Quando percebeu, já estava do outro
lado com o centauro.
- Só isso?, disse Olivia, aliviada e
levemente indignada por ter sido tão fácil.
O centauro abanou o rabo várias vezes e
sumiu no ar. Olívia nunca esteve tão assustada como agora. Era muita coisa para
uma única manhã. Estava no topo da montanha baixa e não via nada do que havia
ficado para trás, somente o espelho, refletindo o que havia à frente. Olívia,
devagar e com sua mochila nas costas, foi descendo a montanha.
~
Daniela Ortega
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