domingo, 16 de novembro de 2014

Menestréis - 18 - Final



Gitanos e Menestréis


   Dois dias se passaram. Soldados do exército do Alquimista se aproximavam. A festa havia acabado e as pessoas se reconstruíam, com sua liberdade e oxigênio. Leviatã então os recebeu.

   - Viemos dizer que estamos com a terra de Árane. E que o Alquimista foi muito bem recebido nessas terras. Propomos um acordo de paz.

   - Olívia lacrimejou os olhos. Imaginou o pior. Mas, então, em minutos, enquanto olhava para o grande Leviatã, uma criatura mítica, inexistente no mundo dos áranes... conversando com um soldado. Compreendeu tudo. E tudo girava ao seu redor. Os sentimentos foram intensos. Ela escutava e mais e mais compreendia. Havia cumprido sua missão.

   Eis o que aconteceu. O Alquimista não era na verdade um alquimista. Tílitris era uma ilha de fantasia e magia, de artistas e liberdade. O alquimista era apenas um administrador da ordem, que nada sabia de alquimia. Para os tílitris, era um ditador. Em Árane, tomou o castelo. E despejou Baleth de lá. 

   Impôs sua administração, que envolvia tratados e leis, reuniões burocráticas, econômicas. Era disso que os áranes precisavam. E o alquimista, assim que soube da situação em Árane, já logo pensou nesse plano. Com a invasão de Leviatã, fugiu rumo a um novo começo.

   Diante de todas essas notícias, Olívia duvidava se realmente isso era verdade. Foi quando viu Calisto.

   - Calisto! Calisto! Correu em direção a ele, e todos olharam a cena.

   Calisto a abraçou. E confirmou tudo aquilo. Tinha um semblante feliz, e vestia uma insígnia de Árane, há muito tempo esquecida. Conversou com ele e perguntou de tudo e de todos. Sua família estava muito bem. Mas de alguma forma, Olívia não sentia saudades. E não estava com vontade de viver o estilo alquimista de governar árane, por mais que as pessoas estivessem mais felizes do que nunca.

   Ao anoitecer, naquele dia, Olívia andou pelas ruas de Tílitris, enfeitadas com fitas, cheias de caixas com algas coloridas e maravilhosas para se comer nas ruas. Ela então não pertencia a nenhum lugar. A única coisa que queria era Bardax. Se lembrou de Feltris, da Raposa Velha. E sentia como se os animais fossem a sua família. Que ela perdera. Foi falar com o menestrel.

   - Menestrel! Ele se virou, e usava vendas douradas sobre os olhos.

   - O que estás a cantar, cara Olívia?

   - Menestrel, por que você está fazendo essas malas? Vai embora? Me deixa te seguir.

   Mas é claro que você virá. Pensa que todos terão um final feliz menos você? Vou para o meu povo. Eu pertenço a algum lugar. E você a um ser muito especial. O menestrel tirou então o seu chapéu de palhaço, que usava sempre. E seus cabelos avermelhados caíram sobre seus ombros.

   Ele se parecia agora muito com os gitanos. Que levaram Bardax. – Você é um dos gitanos, Menestrel? E mais uma vez, Olívia teve uma confusão de esclarecimentos em sua cabeça, se é que isso é possível. Ele era um artista, era um gitano.

   - Bardax está a sua espera com os menestréis, Olívia. No outro dia, eles seguiram rumo ao Sul, em um barco dourado, com as insígnias de Leviatã. A ilha de Tílitris ficava mais bonita quanto mais distante sumia no horizonte. Suas luzes eram como o reflexo do sol em um dia de chuva, e causavam uma alegria calorosa.

Fim.

~

Daniela Ortega



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